Karsten Warholm, estrela dos 400m com barreiras
© Herman Berger / Red Bull Content Pool
Corrida

Karsten Warholm já ganhou tudo, mas ele quer ainda mais

Campeão mundial e olímpico e recordista dos 400 m com barreiras. Tá bom pra você?
Escrito por Tom Ward, com adaptação de Mariana Lajolo
5 min de leituraAtualizado em
Ele é o mais rápido do mundo em sua prova, é tricampeão mundial e levou o ouro olímpico em Tóquio. Já foi nomeado Atleta Europeu do Ano, jogou Street Fighter com o primeiro-ministro da Noruega e viraliza frequentemente nas redes sociais. Tudo isso antes de fazer 30 anos. Falta alguma coisa pro Karsten Warholm, maior atleta da história dos 400 metros com barreiras?
Depois de sofrer uma lesão e ver seu reinado cair em 2022, Karsten se recuperou no ano seguinte e afirma com segurança que está pronto pra mais. "Acho que o próximo [desafio] é sempre o melhor. Pra mim, é sempre uma questão de perseguir [objetivos]. Acho que essa é a razão pela qual estamos nessa, pra ver como podemos ser bons e, no dia em da aposentadoria, dizer que aproveitamos ao máximo nosso potencial", afirma o norueguês.
Karsten Warholm durante uma sessão de treinamento em Tenerife em 2024

Karsten Warholm durante uma sessão de treinamento em Tenerife em 2024

© Herman Berger / Red Bull Content Pool

A largada

Quando criança, Karsten sempre soube que era rápido. "Lembro da minha primeira corrida. Um amigo estava no clube de atletismo. A gente tinha uns sete ou oito anos, e ele me colocou na corrida. Eu estava lá de calça jeans e tênis e corri. E ganhei. Eu sempre fui muito competitivo, é claro, mas esse foi provavelmente o único momento em que eu soube que era rápido, porque você pode ver que é mais rápido do que os outros."
Sua primeira paixão, no entanto, foi o futebol, especialmente o Manchester United. Desde cedo, ele achava que seu futuro era nos gramados e até jogou como camisa 9 num time local. Mas sua única qualidade era mesmo ser rápido. "Eu fazia gols, usava minha velocidade e isso era tudo que eu tinha. Nunca fui muito longe", diz.
Por isso, se concentrou no atletismo. Primeiro fez decatlo e chegou a campeão mundial sub-18, mas seu técnico insistiu que ele deveria focar nos 400 m com barreiras. Ainda bem.
Karsten Warholm compete durante os Jogos Bislett em Oslo, Noruega.

A pista Bislett de Oslo é uma das favoritas de Karsten Warholm

© Daniel Tengs/Red Bull Content Pool

Karsten correu a prova pela primeira vez em 2015. No ano seguinte, estava representando seu país no Rio de Janeiro. Depois, venceu o Mundial em 2017: "E aí tudo explodiu. A vida mudou para mim da noite para o dia", diz

O mais rápido do mundo

Karsten conquistou um monte de títulos importantes, mas nenhuma lembrança (até agora) se compara à do recorde mundial. Em Tóquio, ele foi a estrela da disputa de 400 m com barreiras mais rápida da história, e venceu com 45s94. Os dois primeiros colocados fizeram tempos abaixo do recorde mundial de então. Warholm quebrou sua marca em 0s76.
"Até eu fiquei muito surpreso com aquele tempo", conta. "Naquela época, eu nem imaginava que isso fosse possível. Foi a corrida em que estive o mais perto da perfeição", conta.
Karsten Warholm comemora o novo recorde mundial dos 400 m com barreiras (46,70) e a vitória na Diamond League em casa, em Oslo, Noruega, nos Bislett Games, em 1º de julho de 2021.

Para Karsten Warholm, seu melhor momento foi o recorde mundial

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Uma das coisas que Karsten busca fazer é manter os pés no chão. "O que eu faço não é tão importante no panorama geral do mundo, eu não estou curando o câncer ou salvando a vida de alguém. É importante apenas pra mim e pra minha equipe. E, de alguma forma, isso alivia um pouco a pressão", diz.

Treino pesado

Os 400m com barreiras são conhecidos como "man killer" (matador de homens) porque levam os competidores ao limite. A prova é muito desgastante e enche os músculos de ácido lático, que provoca aquela sensação de queimação e dor. "Você aprende a trabalhar com essa sensação. Adoro como o ritmo funciona nos primeiros oito obstáculos, e os últimos 100 metros são pra você chegar em casa. É uma prova difícil, mas também é o que eu adoro nela", diz Karsten.
O que eu faço não é tão importante, eu não estou curando o câncer ou salvando a vida de alguém
Karsten Warholm
O norueguês ainda está buscando o equilíbrio entre a vida de atleta e uma vida normal. Mas com a rotina pesada que leva, vai ser difícil achar esse ajuste tão cedo. Na maioria dos dias, ele treina de seis a oito horas. "Começamos de manhã cedo, fazemos alguns aquecimentos, corremos na esteira curva, corremos com barreiras na grama, levantamos pesos, fazemos exercícios de salto", diz.
Karsten Warholm durante uma sessão de treinamento.

Independentemente do clima, Karsten Warholm está preparado para treinar

© Daniel Tengs/Red Bull Content Pool

A dieta também é rigorosa. De segunda a sexta, as refeições chegam prontas, em marmitas que ele só precisa botar no microondas.
Karsten gosta de alguns métodos de treinamento não muito comuns, como correr e fazer exercícios sem camisa na neve. "Não me importo com o frio", diz. "Isso não é algo que seja comum na Noruega, não treinamos na neve sem camisa. Mas, às vezes, é bom mostrar como a natureza pode ser dura por lá em comparação com muitos outros lugares do mundo." Seu centro de treinamento, porém, fica em Tenerife, na Espanha.

Rivalidades

O norueguês tem rivais de altíssimo nível tentando derrotá-lo. Os principais são o americano Rai Benjamin, prata em Tóquio, o brasileiro Alison dos Santos, bronze no Japão e campeão mundial em 2022, e em Kyron McMaster, das Ilhas Virgens Britânicas. "Os adversários aumentam minha concentração porque sei que não posso cometer erros e nem me dar ao luxo de ser preguiçoso."
Karsten Warholm na Wings for Life 2023 na Noruega

Karsten Warholm na Wings for Life 2023 na Noruega

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O futuro

Depois de conquistar as maiores honras do esporte: Campeão mundial, recorde mundial, ouro olímpico, o que falta? "Quando você conta assim, não sobra nada", diz, rindo.
Karsten não pensa em se aposentar, mas já começa a imaginar o futuro. "Espero que daqui a cinco ou dez anos eu ainda tenha a mesma paixão de hoje. Não precisa ser necessariamente os 400 metros com barreiras, mas tem que ser algo que me motive. Preciso sentir que estou seguindo em frente e fazendo algo de que gosto, que é provavelmente a coisa mais importante da vida."
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