Daniel Dhers
© Leo Rosas / Red Bull Content Pool
BMX

No BMX, Daniel Dhers é cachorro velho que late deitado

Aos 36 anos, ele apavora os jovens do freestyle
Escrito por Marcelo Laguna
3 min de leituraPublicado em
Num esporte repleto de manobras físicas (e inacreditáveis) como o BMX freestyle, a média de idade costuma ser muito baixa. Mas há quem fure essa bolha e siga em alto nível por muito tempo. Aos 36 anos, o venezuelano Daniel Dhers prova que é possível desafiar os jovens que chegam ao cenário internacional com sangue nos olhos.
“Existe um ditado na Venezuela: cachorro velho late deitado. Treino com muita calma e saio como se o diabo fosse me perseguir na hora da competição. Sou o mais experiente do circuito e enfrento pilotos muito mais novos. A vantagem da idade é saber como montar as estratégias”, diz Daniel Dhers, profissional desde 2006.
A experiência tem sido a principal arma de Dhers para se manter no topo do BMX freestyle há praticamente duas décadas e contribuiu para a conquista da medalha de prata na estreia da modalidade no programa dos Jogos Olímpicos, em Tóquio-2020. O venezuelano não tem mais a impetuosidade do início de carreira, quando queria marcar seu lugar no esporte de qualquer forma, para se transformar em uma referência dentro da modalidade.
“Nos meus primeiros cinco ou seis anos no BMX, minha única preocupação era ganhar. Eu não tinha rivalidade com os outros pilotos, mas eu queria pedalar para mostrar que sabia fazer as coisas”, explica Daniel. Talvez um reflexo da infância vivida em Caracas, onde nasceu. “Era um caos, tudo era complicado e você tinha que ir à rua com uma certa atitude. Hoje, vejo que isso me ajudou a encarar as competições na primeira metade da minha carreira”, reflete.
Aquele biker meio marrento, que começou a andar de BMX inspirado pelos amigos que já praticavam o esporte, começou a mudar sua atitude quando seus pais se mudaram para Buenos Aires, quando ele tinha 16 anos. Foi a oportunidade que precisava para desenvolver as habilidades enfrentando pilotos melhores e pistas de qualidade superior.
Daniel Dhers no deserto de sal em Uyuni, na Bolívia

Daniel Dhers no deserto de sal em Uyuni, na Bolívia

© Camilo Rozo / Red Bull Content Pool

O aprendizado ao longo dos anos, além de diversos títulos e pódios no circuito internacional, acabaram transformando Daniel Dhers em uma espécie de guru. “O tempo passa e sinto que me tornei um guia para a nova geração, que pretendo continuar apoiando por muito tempo. Seria muito egoísmo guardar todas as informações para mim. Quero que os demais pilotos também evoluam. Ser um bom profissional não é apenas ser bom em cima de uma bike. Significa ser uma boa pessoa e pensar no impacto que suas ações podem causar”, afirma o venezuelano.
Parte desse conhecimento acumulado Daniel Dhers vem dividindo com os bikers que costumam treinar na pista de BMX Freestyle que ele montou na cidade americana de Raileigh, na Carolina do Norte, onde mora. "Sempre procuro incentivar as meninas que vão treinar na minha pista a aprimorarem técnica, aprendendo novas manobras, respondendo e tirando dúvidas. Acumulei muito conhecimento e o que posso compartilhar é a informação sobre como chegar lá, como alcançar o mesmo que conquistei. É o mínimo que posso fazer. No fundo, isso é o que fará o próprio esporte melhorar”, diz.
+ Pra entrar mais a fundo no universo do BMX, assista abaixo ao episódio da série ABC do... que fala sobre a modalidade.

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Passamos a limpo toda a história do BMX e destacamos os melhores pilotos da modalidade.

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2 Temporadas · 15 episódios
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