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O cara por trás da Tribo: tudo sobre o Gaules
De player campeão a streamer de milhões, ele superou muitos obstáculos pra chegar lá
© Marcelo Maragni / Red Bull Content Pool
Alexandre Borba Chiqueta, que você deve conhecer como Gaules, é o principal streamer do Brasil e alcançou a posição de segundo maior do mundo em 2022. Mas, pra chegar até aqui, o líder da Tribonera enfrentou grandes desafios, venceu a depressão e desbravou um caminho para elevar os esports ao status e cenário que têm hoje no País. E aqui você vai saber mais sobre o cara por trás da lenda.
Da lan-house ao primeiro time no CS
Os primeiros passos foram dados no Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo, no lugar que Gaules passava o dia depois da escola, a lan-house Monkey. O esquema era um só: jogar Counter-Strike 1.6. E como não tinha grana, ingressou na equipe da rede de lan-houses pra jogar de graça quando as máquinas não estivessem ocupadas.
Mas estar no time júnior da Monkey não era o suficiente. Ele queria mais, e isso aconteceu quando um dos jogadores passou a não mandar bem na equipe principal. Em 2001, durante a primeira seletiva da Cyberathlete Professional League, no Rio de Janeiro, Gau assumiu a vaga e nunca mais saiu. Ali ele virou um player profissional.
Ele tinha só 14 anos, já estava disputando competições como profissional e começava ali a ajudar a escrever parte da história do competitivo de CS no Brasil.
G3x e a aposentadoria como jogador
Pros anos seguintes, a Monkey criou uma nova equipe pra disputar campeonatos e não quis manter o Gaules. Com o projeto da franquia de lan houses não dando certo, Gau deu um passo maior e fundou a g3nerationX (g3x).
Junto com os parceiros Feijaum, Mee, Igor "vip" e Rodrigo "crash", ele teve um baita sucesso. O time venceu o primeiro campeonato que disputou, garantindo classificação pro World Cyber Games de 2001 em Seul, na Coreia do Sul.
Em sua primeira incursão no cenário internacional, a g3x alcançou um impressionante oitavo lugar. O projeto chegou ao fim em 2006 por falta de apoio financeiro e, no ano seguinte, Gau decidiu parar de jogar.
Técnico da MIBR e primeiro título
Depois da história meteórica da g3X, Gau virou técnico da MIBR, equipe que se tornou a primeira de CS do Brasil a ganhar um campeonato internacional. Comandando Lincoln “fnx” Lau, Thiago “btt” Monteiro, Wellington “ton” Caruso, Bruno “bit” Lima e Olavo “cky” Napoleão, ele levou o DreamHack Winter de 2007, na Suécia, ao vencer a final contra a SK Gaming.
No ano seguinte, Gaules continuou brilhando na MIBR. A equipe foi vice-campeã na DreamHack, perdendo exatamente pra SK Gaming. Apesar disso, o time conquistou o título de "A-Tier" ao vencer a mousesports na final da GameGune 2008.
A vida de empresário
Em 2008, ele se aposentou de vez da vida de player e técnico e seguiu por um caminho mais formal, com diploma, escritório e muitas reuniões. Gaules estudou marketing, conseguiu um estágio na Samsung e se envolveu em seus primeiros empreendimentos no mundo dos games como empresário.
Uma das iniciativas em que ele esteve envolvido foi a Brasil Gaming League, juntamente com a Seleção Brasileira de Games, em 2011. Esses projetos tinham como objetivo impulsionar e profissionalizar os esports no Brasil. Além disso, Gau também atuou como sócio da Agência X5 e da Mega Arena X,5 liderando projetos voltados à cena.
Depressão e a volta ao topo
Sua empreitada como empresário não foi bem-sucedida, e Gau ficou mal com isso. Enfrentou a depressão, uma fase bem bad da vida, com episódios muito ruins.
Mas se tem alguém que sabe o que é resiliência, esse cara é o Gaules (não é por acaso que ele carrega a palavra tatuada na mão direita). Com ajuda da psicanálise e de grandes amigos, o cara conseguiu se reerguer.
Ele pegou um computador, instalou uma câmera nele e, no seu pequeno quarto num apartamento em São Paulo, botou a cara pra jogo fazendo lives na Twitch. Gau trabalhou dia e noite pra crescer dentro da plataforma, dava cursos pra ajudar pessoas que queriam se tornar jogadores profissionais e trocava ideia com a galera do chat, além de produzir outros conteúdos de CS.
A Tribonera
Durante as lives, Gau foi descobrindo que a galera que frequentava o chat tinha um grande poder. Um deles era servir como apoio e ajuda pra ele superar a depressão. O outro era saber que, onde ele estivesse, nunca estaria sozinho, pois a galera do chat sempre estaria com ele. E assim nasceu um grupo que ele chamou carinhosamente de Tribonera, que devolveu sob o novo apelido Gaules, nome inspirado no personagem Asterix.
Ao infinito e além
Em outubro de 2019, Gaules iniciou a transmissão de campeonatos de CS:GO e nunca mais parou. Foi o streamer mais assistido do País, com mais de 133 milhões de horas assistidas em 2020 e ganhou o Prêmio eSports Brasil, na categoria Melhor Streamer.
No ano seguinte, bateu o próprio recorde, acumulando mais de 165 milhões de horas assistidas. Em 2022, o topo foi dele também com mais de 161 milhões de horas assistidas. Ou seja, o cara nunca mais saiu do lugar que foi sempre dele, o topo!
O líder da Tribo foi o primeiro streamer no mundo a conquistar os direitos para transmitir competições na Twitch a NBA, maior liga de basquete do mundo, em 2021. Também mostrou a F1 e no ano seguinte, transmitiu o Campeonato Carioca, a Stock Car Pro Series e a Fórmula 4 Brasil.
Em 2022, estabeleceu o recorde de 710 mil espectadores simultâneos na Twitch ao transmitir uma partida da eSports Imperial contra a Cloud9, pelo Major de Antuérpia, na Bélgica, se juntou ao time de atletas e players da Red Bull e virou o segundo maior streamer do planeta.
No Counter-Strike, as jogadas mais memoráveis são feitas por aqueles que arriscam. E assim como no jogo, Gaules arriscou e continua escrevendo e contando suas histórias em primeira pessoa. O cara criativo criou até o Rinha de Pratas, um campeonato low elo de CS (isso mesmo, só vale gente ruim). Quem pode dizer aonde vai chegar o Gau?
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