Ter nascido e crescido em um ambiente de música e festa foi uma influência para vários artistas na hora da escolha da carreira. Ter na família uma espécie de escola, com influências que vêm de berço, fez toda a diferença para vários dos que escolheram a música como caminho.
Para saber a importância dessas influências familiares, conversamos com alguns artistas para entender como este ambiente os ajudou a moldar gostos pessoais e sua carreira profissional. DJ Will, filho do KL Jay, DJ dos Racionais MC's, Kaire Jorge, filho do Mano Brown e Eliane Dias, e Erick Jay, DJ campeão mundial que herdou suas habilidades musicais de uma família de DJs e dançarinos, falam da importância da relação familiar para a escolha de carreira.
DJ Wil
William Nascimento Simões, o DJ Will, começou a carreira profissional aos 15 anos. Filho de KL Jay, DJ dos Racionais MC’s, Will cresceu no ambiente da cultura hip-hop. Não é à toa que três dos sete filhos de KL Jay se tornaram DJs. Will foi o primeiro deles. Já trabalhou como DJ do rapper Rael e hoje integra o grupo Sintonia.
Como foi a influência musical em casa quando você era criança?
Além do meu pai, meu tio, meu irmão Kalfani e minha irmã Jamila também são DJs. Minha infância foi uma experiência incrível, minha casa vivia cheia com os amigos do meu pai, os integrantes dos Racionais MCs. A cada encontro eles levavam uma novidade para apresentar pro outro, clipes, fitas cassete, revistas, discos, matérias em jornais. Meu mundo sempre foi cheio dessas inspirações desde sempre, e essas acabaram virando minhas maiores influências.
O quanto isso te influenciou na escolher da profissão?
Quando eu fui me dar conta, já tava muito envolvido. Desde pequeno eu era fascinado por tudo que girava em torno do universo hip-hop: os clipes, a música, o estilo de vida. Quando parei pra analisar onde eu mais gastava meu tempo, percebi que era com o rap e tudo que girava em torno dele.
Desde pequeno você sonhava em ser artista?
Eu sonhava com o hip-hop desde criança, mas não tinha dimensão do que era ser um artista. Não sabia que podia ganhar dinheiro com isso. Eu sonhava com os toca-discos, amava ver meu pai, meu tio e os amigos deles praticando. O que eu queria era estar entre eles, não "ser um artista". E aqui estou hoje.
Se você não fosse DJ, qual outra profissão teria seguido?
Já tentei andar de skate e não deu muito certo, me quebrei todo. Fiquei com medo de não poder mais tocar, então parei. Muitos diziam que eu tinha dom pra ser jogador de futebol. Era aquele sonho de quebrada né, querer ser Denilson, Romário, Ronaldo, Viola. Eu até que jogava bem mesmo, mas a música falou mais alto.
DJ Erick Jay
DJ há mais de 20 anos, Erick venceu alguns dos maiores campeonatos do mundo. Além disso, atua como DJ do rapper Kamau desde 2008, é DJ oficial do programa Manos e Minas, da TV Cultura, há 10 anos.
Como era o ambiente onde você cresceu e como te influenciou?
Eu cresci num ambiente bastante musical, meu pai era DJ e meu irmão, dançarino de break. Então, cresci ouvindo músicas de vários estilos, como soul, samba de raiz, MPB e, claro, muito hip-hop. Eu me inspirava muito em ver meu pai tocando os DJ sets dele, e também no filme "Beat Street" [lançado no Brasil como "Na Onda do Break", 1984], que conta a história do movimento hip-hop de Nova York. Me lembro muito de assistir o filme com meu irmão e os amigos dele na sala de casa.
Desde pequeno você sonhava em ser artista?
Na realidade, não. Eu sonhava em ser piloto de avião ou ginasta, mas a música me encontrou.
Kaire Jorge
Filho do rapper Mano Brown e da empresária Eliane Dias, Kaire é produtor da gravadora Boogie Naipe e DJ no duo Ghetto Brothers, ao lado de sua irmã Domenica. Atualmente, se divide entre a faculdade de marketing, aulas de atuação, o trabalho de produtor dos Racionais MC's e o de sócio da marca de roupas Müe.
Como seu ambiente familiar te influenciou?
Dentro de casa sempre tive influência da música. Meu pai estava sempre em viagens de trabalho, mas em casa sempre escutamos muita música, fui ficando mais velho vendo o meu pai produzindo discos em casa, os amigos dele indo em casa escutar música, os discos que minha mãe colocava pra tocar. Tudo isso me influenciou muito.
Essas influências fizeram diferença no seu gosto musical e vida profissional?
Quando a gente é criança somos estimulados. Eu sempre gostei e herdei gostos da minha mãe e do meu pai, principalmente da música negra no geral. Passei parte da minha vida estudando e praticando esportes, então eu não acompanhava muito meu pai nos estúdios, tanto que quando saí do colégio, a minha primeira meta ainda não atuar no meio artístico, eu ainda estava naquela fase de indecisão. Depois que comecei a me envolver com atuação, resolvi entrar cabeça no mundo da arte. Foi aí que eu comecei a trabalhar como produtor de shows e DJ.
E como que veio esse interesse pela atuação?
Minha irmã já atuava desde os 8 anos, um dia apareceu um teste para ela fazer e minha mãe mandou eu acompanhá-la. O operador de elenco pediu pra gente fazer o teste juntos, ele curtiu e acabei conseguindo o papel. Foi uma parada espontânea que eu nunca tinha imaginado fazer, mas acabei me encontrando muito.
E desde pequeno você se imaginava na música, como seus pais?
Quando era pequeno não sabia que ia estar no mundo da música, isso surgiu mais recentemente durante o surgimento da produtora [Boogie Naipe]. Foi ali que eu entrei nos negócios da música. Fiquei cinco anos viajando com os Racionais pelo Brasil, durante duas turnês, então quando entrei no negócio da família eu me incluí mais na indústria musical.
E se não fosse trabalhar com música e produção, o que você faria?
Aos 16 anos eu participava de muitas competições de muay thai, então acabei prestando vestibular e escolhi o curso de nutrição, mas logo descobri que não era o que eu queria. Acabei abrindo uma marca com uns amigos, me inseri no mundo do marketing e inconscientemente comecei a trabalhar com produção e marketing.
Filha de peixe...
A cantora Tássia Reis também levou suas influências de berço para sua carreira profissional. Em Until 18 - O momento da decisão, nova série da Red Bull TV que mostra como profissionais trocaram carreiras tradicionais pela conquista de um sonho, ela conta sobre o momento em que decidiu largar o emprego de telemarketing para se jogar de cabeça na música. Assista aqui a série completa.
Como assistir
Until 18 pode ser assistida no site ou no app da Red Bull TV, disponível nas TVs Samsung e Sony BRAVIA, em aparelhos Blu-Ray, PlayStation®4 (PS4™), PlayStation®3 (PS3™), e Apple TV. O app também pode ser baixado nos sistemas operacionais Android, iOS e Windows Phone. O download ainda está disponível nos seguintes dispositivos: Amazon Fire TV, Kindle Fire, Nexus, Roku e Xbox 360.