Música

Popcaan e a nova era do reggae

Pra finalizar nossa série sobre o estilo, falamos com o cara que simboliza o dancehall em 2014.
Escrito por Hattie Collins
3 min de leituraPublished on
Popcaan

Popcaan

© Ekua King

No último mês, exploramos por aqui a evolução do reggae, em três fases distintas. Primeiro, conversamos com Vincent ‘Vin King’ Edwards, sobre os soundsystems jamaicanos que emergiam na década de 1950 e o começo do seu próprio soundsystem, o King Edwards. Depois, falamos com King Jammy, que nos levou para o nascimento do dancehall nos anos 70 e 80.
O que nos trás aos dias atuais e o cara do dancehall em 2014: Popcaan. Seu álbum de estreia, ' Where We Come From', saiu no começo deste ano e mostra um artista que mergulha nas raízes do estilo, mas nos mostra algo totalmente novo. Conversamos sobre sua relação com a Jamaica e sobre suas aspirações futuras.
Popcaan: A Jamaica e a minha música
"Muita gente diz que a Jamaica é o pior lugar. Da onde eu venho tem um ditado que diz: 'O melhor vem do pior'. É um lugar pequeno, as pessoas falam todo tipo de coisas ruins. Fico pensando porque pintam essa imagem ruim. Há tantas coisas positivas que saem de lá. Dizem que é violento, mas porque, se temos as melhores vibes?
O melhor a fazer é voar pra Jamaica e ter a sua própria experiência, sem se deixar levar pelas palavras dos outros. Alguns lugares são ruins, outros não, viajar o mundo abre a cabeça. Fico pensando que a música me levou a tantos lugares que nunca pensei que iria. Quando estava filmando o clipe de ' System', vi pessoas que era inimigas no mesmo ambiente. E me perguntaram: 'como você consegue fazer isso?'. É por causa da música, nada mais."
Novo álbum e o futuro
"Quando comecei a fazer música, falava sobre combates das ruas, porque era a maneira de me mostrar. Existiam guerras, nós temos que defender nosso território, era a minha maneira de me expor. Elas uniram pessoas de todas as partes.
No meu novo álbum existe uma mistura. É um lado diferente do Popcaan. É mais sobre minha infância, minha jornada musical e músicas como ‘Gwaaning inna di ghetto’, sobre sofrimento ao redor do mundo. Estou falando de coisas reais, os sofrimentos que a população mundial enfrenta todos os dias. Por ter estado em muitos lugares, consegui perceber essas coisas. Você vê o sistema, negros, brancos, chineses, indianos - é uma luta diária e com a minha voz posso alcançar muita gente. E no álbum também fiz umas músicas para as mulheres, porque não podemos fazer nada sem elas. Não podemos esquecer das mulheres, elas são tudo!
Agora não tenho limites. Só penso em fazer um som que as pessoas vão se lembrar no futuro. Uma música que ajude os jovens a se comunicar, que seja inspiradora. Quero motivar a juventude".