Qual é sua primeira memória do vôlei de praia?
Minha mãe, né? Quando eu tinha 3 ou 4 anos, minha mãe jogava e me levava pras etapas do Nordeste, era mais barato pra ir de ônibus. Então, desde criancinha ela me mostrou o vôlei de praia, e eu via ela jogando e achava o máximo. Só que foi tudo natural, né? Eu entrei no vôlei de praia tranquila, minha mãe me falou: “Duda, se você quiser ser atleta você vai ser, mas eu te deixo livre pra escolher o que quiser”. Então a minha primeira imagem foi minha mãe jogando.
Qual é a importância da sua mãe na sua carreira?
Ela é o meu maior exemplo. É uma guerreira, nasceu e viveu no interior [de Sergipe] junto com a minha vó. Ela é tudo pra mim, ela que me deu a base de educação depois do esporte. Ela me ajudou em tudo, então tenho minha mãe muito como espelho. A gente sabe quantas crianças ela vem ajudando, ela ajuda todo mundo. É meu espelho.
O que faz tudo valer a pena é que eu luto pela minha família
Você sempre foi muito precoce. Como se vê daqui a dez anos depois de conquistar tanta coisa tão cedo?
Eu acho que na minha vida foi tudo natural. Comecei com 9 anos e vivi esse mundo muito rápido. Óbvio que quero conquistar muita coisa na minha vida, quero uma medalha olímpica, mas eu coloco na minha mente e no meu coração que quero aproveitar tudo. Todas as oportunidades que estão chegando pra mim eu quero agarrar com todas as forças pra tentar fazer o melhor e dar exemplo pras pessoas, crianças e adultos. Eu tenho na minha cabeça que quero tentar melhorar a vida de outras pessoas, fazer meu melhor, conquistar o que eu quero conquistar pra falar que a minha vida valeu a pena.
Qual é a melhor parte de ser atleta?
Conhecer esse mundão, tentar sair toda hora da zona de conforto, conhecer lugares e pessoas especiais. Eu acho que o esporte muda a vida de um atleta e de uma pessoa. Essa adrenalina de estar lutando ali pelo seu país, tentando fazer seu melhor, cair e levantar o tempo todo. Então, eu acho que o esporte te faz amadurecer muito rápido.
E a pior?
Ficar longe da família. É bom sair da zona de conforto, mas às vezes acontece alguma coisa que você quer estar perto da sua família e tem que ficar longe. Mas a gente sabe que depois a gente volta e vale a pena.
O que te motiva a treinar e jogar quando está com preguiça ou desmotivada, como rola com qualquer pessoa?
Óbvio que o que me motiva é tentar correr atrás do meu foco: corro todo dia atrás de uma medalha olímpica. Mas eu penso que o que faz tudo valer a pena é que eu luto pela minha família e pelas pessoas que eu amo, então todo dia que eu acordo eu quero dar meu melhor pela minha família.
Você considera a americana Misty May a maior da história. O que ela tem de especial que te toca?
Na época delas, Kerri Walsh e Misty May foram a maior dupla, conquistaram três ouros olímpicos. E é difícil isso acontecer no vôlei de praia. Não vou dizer que é impossível, mas a vontade de jogar, a alegria... Acho que o Alison [Cerutti] tá passando por isso agora, ele sabe como é diferente jogar nos Estados Unidos, a alegria e o lifestyle são muito diferentes. Elas são muito guerreiras e fizeram o melhor delas na quadra, apesar das adversidades. Acho que é essa inspiração.
Você já disse que gostaria de pedir um autógrafo pro Usain Bolt. O que perguntaria se encontrasse ele agora?
Nossa, ele já ganhou tudo nessa vida [pensativa]. Mas acho que perguntaria como ele conseguia ter vontade o tempo todo. Ele sabia que ia fazer o melhor dele. Mas como ele tinha essa mente positiva pra fazer o melhor? Porque tem outras pessoas chegando. Queria saber como ele conseguia se manter sempre no alto nível.