Futebol

10 fatos do futebol americano no Brasil

Longe das transmissões da TV, brasileiros vão consolidando cada vez mais o esporte no país
Escrito por Rafael Brasileiro, Equipe Recife Mariners
7 min de leituraPublished on
O esporte ganha força no Brasil

O esporte ganha força no Brasil

© Tiago Giordani

Domingo e esportes estão amplamente relacionados por todo o mundo. No Brasil o dia é associado ao futebol. Porém, uma observada mais atenta nas redes sociais revela que os brasileiros estão se apaixonando por outro esporte. Com mais transmissões a cada ano na TV fechada, o futebol americano vai ser tornando uma das paixões do brasileiro. As menções no Instagram, Twitter e Facebook sobre os jogos da NFL vão crescendo ainda mais. E quem acompanha essa onda de crescimento são os times brasileiros, que não param de surgir e aumentar a base de praticantes e, consequentemente, de torcedores.
O surgimento de equipes não é algo recente. Para se ter ideia, desde 2000 existe o Carioca Bowl, disputa entre equipes cariocas de futebol americano de praia. Foi nas areias que surgiram a maioria das equipes brasileiras, mas era preciso dar um passo maior.
Principalmente de equipamentos para que o esporte norte-americano fosse praticado de verdade. Uma conquista lenta, por vários fatores, mas que vai ocorrendo até mais rápida do que o esperado. Graças a esta evolução, o Brasil chegou ao seu primeiro Campeonato Brasileiro unificado neste ano, já que haviam duas competições paralelas. Porém, o caminho não foi fácil e a Red Bull conta um pouco da história desse esporte em terras tupiniquins.
Estes são os dez grandes momentos do futebol americano no Brasil.
1. Primeiro jogo full pads
Brown Spiders

Brown Spiders

© Divulgação

No dia 25 de outubro de 2008, o Brown Spiders e o Barigui Crocodiles (hoje Coritiba) fizeram história. Diante de cerca de 2,5 mil pessoas, as equipes paranaenses jogaram a primeira partida com equipamentos completos do Brasil e os Spiders venceram por 33 a 10. Esta partida foi comentada nacionalmente e serviu de exemplo e inspiração para outras equipes no restante do país.
2 - Campeonato Brasileiro de Seleções
Em 2009, vários outros times já haviam comprado equipamentos e mudado o panorama nacional do futebol americano. O problema é que ainda eram muito poucos. Por ser importado e caro, comprar um capacete e um shoulder pad era um pequeno luxo. Sem perspectiva de um campeonato nacional, ficou decidido que aconteceria uma competição entre combinados estaduais. São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Paraíba, Mato Grosso e Santa Catarina foram os estados que viajaram até Sorocaba para o torneio e os paulistas foram os campeões. Nesta primeira competição foi formado o embrião do Torneio Touchdown que foi disputado ainda em 2009. Em 2010, com representantes dos mesmos estados, houve uma segunda, e última, edição da competição, que foi disputada em Curitiba. Na final, os cariocas venceram os paranaenses por 20 a 7.
3 - A criação dos primeiros torneios nacionais
Vasco Patriotas, campeã 2014 do Torneio Touchdown

Vasco Patriotas, campeã 2014 do Torneio Touchdown

© Divulgação

Depois de tanta empolgação com o primeiro torneio de Seleções, os organizadores não poderiam perder a oportunidade de dar o primeiro passo para um Campeonato Brasileiro. Sob a organização de André Adler, narrador de futebol da ESPN por vários anos, e com oito equipes, surgiu o Torneio Touchdown. A competição foi vencida pelo Rio de Janeiro Imperadores, que na final bateu o São Paulo Storm por 14 a 7 e levantaram a primeira taça.
No ano seguinte, surgiu a Liga Brasileira de Futebol Americano (LBFA) após algumas divergências entre equipes e organizadores do Torneio Touchdown. A competição ficou com esse nome até 2012, quando se transformou no Campeonato Brasileiro de Futebol Americano. Em 2014, a Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) criou a Superliga Nacional (1ª divisão) e a Liga Nacional (2ª divisão)
4 - O primeiro grande público
Tiago Giordani, do Recife Mariners

Tiago Giordani, do Recife Mariners

© Recife Mariners

Qualquer esporte não precisa apenas de vontade dos jogadores e dirigentes. Além de organização, a aceitação do público é mais do que necessária e a prova de que o esporte estava no caminho certo veio em 2011. Diante de 6.500 torcedores, no estádio Couto Pereira, o Fluminense Imperadores conquistou seu segundo título nacional (o primeiro foi o Torneio Touchdown de 2009) ao vencer por 14 a 7. A grande presença de público provou que não havia barreiras para um esporte no qual os organizadores estão focados não apenas na partida, mas sempre em entreter o público da melhor maneira possível.
5 - Jogadores da NFL visitam o Brasil
Equipe AFWB

Equipe AFWB

© Divulgação

Em 2014 o futebol americano brasileiro foi olhado de perto por quem está na NFL. A entidade American Football Without Barriers (AFWB), fundado pelos jogadores Breno Giacomini, jogador de Linha ofensiva do New York Jets e filho de brasileiros, Gary Barnidge, tight end do Cleveland Browns, esteve no Brasil para uma sessão de treinamentos com atletas entre 8 e 22 anos. O intuito da organização, que já esteve em países como Turquia, China e Egito, é difundir a modalidade fora dos Estados Unidos. No Brasil, jogadores como DeAngelo Williams, running back do Pittsburgh Steelers, Marshawn Lynch, ex-running back do Seattle Seahawks, Alex Mack, center do Atlanta Falcons, e Barkevious Mingo, linebacker do New England Patriots, foram alguns dos jogadores da NFL que vieram participar do evento.
6 - Cairo Santos na NFL
Cairo Santos

Cairo Santos

© Divulgação

Você lerá várias histórias sobre brasileiros na NFL, mas apenas dois tiveram realmente essa oportunidade. O primeiro foi Maikon Bonani, kicker do Tennessee Titans. Em 2013 e 2014 ele assinou com a equipe da NFL, mas atuou apenas em jogos de pré-temporada e nunca jogou uma partida oficial. Em 2014, Bonani ganhou companhia de outro brasileiro. Cairo Santos, que estudou na Universidade de Tulane, foi eleito o melhor kicker da NCAA (Liga Universitária) em 2012 e começou a chamar a atenção das equipes da NFL. O Kansas City Chiefs o convidou para participar da pré-temporada após ele não ter sido escolhido no draft (seleção de universitários) e o brasileiro ganhou a vaga de titular. Algo inesperado e que o transformou no primeiro brasileiro a atuar de forma oficial na liga norte-americana. Em três anos, Cairo se consolidou na equipe e é o embaixador da NFL no Brasil.
7 - Bola Oval nas Arenas
Bola Oval nas Arenas

Bola Oval nas Arenas

© Tiago Giordani

Muitos estádios de futebol do Brasil já haviam recebido jogos de futebol americano. Couto Pereira (PR), Almeidão (PB) e Aflitos (PE) são alguns destes exemplos. Porém, após tantas arenas serem construídas para a Copa do Mundo de 2014, era esperado que alguma delas recebesse uma partida de futebol americano. Isso não demorou e a Arena de Pernambuco foi a pioneira. Diante de 7.056 pessoas Recife Mariners e João Pessoa Espectros decidiram a Superliga Nordeste. Passo que foi seguido por outros estádios que sediaram jogos da Copa do Mundo de 2014 como Arena Pantanal, Beira-Rio e Mineirão. O melhor público até hoje é o de Cuiabá Arsenal x Coritiba Crocodiles com 15 mil pessoas na Arena Pantanal.
8 - Onças no Mundial
Brasil Onças

Brasil Onças

© Divulgação

Desde 2007 havia uma Seleção Brasileira de Futebol Americano. As distâncias, falta de apoio financeiro e organização atrapalhavam a evolução, mas ela dava seus primeiros passos. Após realizar alguns amistosos, era a nítido que faltava um algo a mais. Faltava mostrar ao mundo que aqui, se jogava futebol americano de alto nível. Isto ocorreu em 2015. Os Onças, como a Seleção Brasileira é conhecida, venceu o Panamá como visitante por 26 a 14 e garantiu vaga no Mundial, disputado em Ohio naquele mesmo ano. Foram três partidas na competição, sendo duas derrotas (França e Austrália) e uma vitória sobre a Coreia do Sul. Um resultado histórico que deu ainda mais projeção ao esporte.
9 - Elas também jogam
Brasil Onças

Brasil Onças

© Divulgação

Elas não usam capacete ou shoulder pads, mas jogam algo bem similar ao futebol americano. O Flag Football. As regras são um pouco diferente e ao invés do tackle (impedir o avanço do adversário), aqui se puxa uma das duas fitas que cada atleta carrega na cintura para evitar o contato físico. Nesta modalidade, as Onças disputaram o seu terceiro mundial em 2016 e pela primeira vez passaram da primeira fase, algo inédito que lhe deu a sexta colocação na competição disputada em Miami. .
10 - Unificação do Campeonato Brasileiro
Santa Maria Soldiers

Santa Maria Soldiers

© Divulgação

Foram necessários sete anos para que finalmente houvesse um Campeonato Brasileiro de futebol americano. Em 2016, a Confederação Brasileira de Futebol Americano, conseguiu um campeonato com 30 equipes, representando 16 estados e o Distrito Federal. Os playoffs começam no próximo dia 22 de outubro e o Brasil Bowl, grande decisão, será no dia 17 ou 18 de dezembro.