É possível um drone competir contra o Max Verstappen?
O tempo estava tão chuvoso que só tinhas uma oportunidade para acertar. Não estavas sobre pressão, pois não?
Foi agitado. Filmámos com carros de Fórmula 1 durante os testes, por isso, de certa forma, sabíamos o que esperar. No dia, só tínhamos um plano e havia muito spray a sair do carro, o que tornou as coisas mais difíceis. É um carro novo e um piloto diferente daquele com que treinámos, por isso não fazíamos ideia de qual seria a velocidade, nem de quais seriam os pontos de ruptura. Foi preciso adaptarmo-nos muito para aquela cena e improvisar e, sim, aplicar tudo o que treinámos.
O Max Verstappen ficou tão impressionado que disse: "Não reconheci o drone; não sabia que me estava a seguir enquanto conduzia e estava muito perto de mim em alguns sítios, por isso é ótimo ver." Qual foi a tua experiência?
Usar os óculos de visão do drone é talvez um pouco mais difícil do que ver a pista a partir de um carro, apesar da visão aérea. O Max consegue ver a estrada com exatidão; consegue ver a marca dos 150 e dos 100 metros e travar com precisão. Eu tenho a minha visão de cima, a observá-lo, por isso tenho de me concentrar totalmente no carro. Não sei qual será o ponto de travagem dele, por isso tenho de estar sempre a reagir ao que o carro está a fazer.
E não estás apenas a tentar acompanhar, também tens de pensar em duas câmaras 4k. Foi difícil pensar em tudo isso, a velocidades tão elevadas?
Para mim, é provavelmente semelhante a conduzir um carro rápido, na medida em que tens de te concentrar no que estás a fazer e não pensar totalmente no tipo de velocidades que estás a atingir. Sei que se for mais rápido, os controlos mudam e tornam-se mais sensíveis, por isso tenho de ter isso em mente para pilotar o drone corretamente. Caso contrário, estou apenas a responder ao que o carro está a fazer, concentrando-me em mantê-lo no enquadramento."
Conduzir um carro de F1 é incrivelmente físico. Há algum lado físico em pilotar o drone?
Não é exatamente a mesma coisa. Em termos de adrenalina, tenho de me manter razoavelmente calmo, mas isso é difícil de fazer. Estava bastante nervoso. Muitos pilotos têm os dedos trémulos, mas a minha mente parece estar dentro do drone. Estou totalmente ligado, é como uma experiência fora do corpo. Sinto alguma adrenalina, apesar de estar sentado na minha cadeira, sem me mexer.
Não estás apenas a pensar num plano de movimento, como o condutor, também estás a subir e a descer. Qual é o impacto disso no teu trabalho?
Estou sempre a ajustar a altitude de acordo com a situação. Nas rectas, vou um pouco mais acima. Tens ar a sair da asa traseira do carro, por isso queres ficar acima disso. Normalmente, mantenho-me entre 10 a 20 metros acima da pista. Nas curvas, o carro abranda, por isso mergulho para me aproximar do carro e conseguir uma melhor imagem. A certa altura, posso estar apenas a um ou dois metros acima do carro.
Meditas para te concentrares?
Não gosto muito de meditação, embora goste dos ensinamentos que dela advêm. Para mim, a concentração é saber exatamente o que o drone pode fazer em cada situação e saber o que eu posso fazer em cada situação. E, depois, forçar-me a manter a calma e não deixar que o nervosismo transpareça. Trata-se de bloquear todas as distracções exteriores e não deixar que mais nada me incomode naquele momento.
O que vais fazer a seguir?
Embora este drone pareça muito fixe e esteja a funcionar como previsto, há muito mais que podemos fazer, obviamente. Penso que uma das coisas que devemos fazer é tentar obter uma transmissão de vídeo em direto de alta qualidade, para o podermos utilizar para transmissões em direto. E depois é continuar a testar e provar que este drone é seguro e fiável. Seria bom ter um drone a cobrir a pista nas corridas em direto, mas talvez no futuro tenhamos vários drones. Quem sabe?