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Breaking
B-Boy Leony leva pro mundo o original breaking do Pará
Ele largou o caratê pra ser cinco vezes campeão do Red Bull BC One Brazil
A cena é sempre a mesma antes das competições. O B-Boy Leony num canto, fones nos ouvidos, relaxando. Nem parece que está prestes a competir. Ele vai pra outro mundo.
E se engana quem pensa que é o rap, um dos ritmos mais dominantes do breaking, que embala a viagem. A fuga da tensão acontece pelas ondas do tecnobrega e do reggae, que fazem a cabeça do cara. Nascido no Pará, Leony busca energia e tranquilidade em suas origens, onde mantém os pés fincados como base pra saltos cada vez mais altos.
Com essa mistura de rap e brega, Brasil e resto do mundo, Leony virou um dos principais rostos do breaking nacional brasileira e já ganhou cinco vezes o Red Bull BC One Brazil. Agora, se prepara pra acompanhar o ritmo da transformação do breaking, alçado ao topo do esporte mundial.
“Eu sou paraense. Paraense mesmo, que adora açaí sem açúcar com peixe e só com farinha de mandioca. Escolhi continuar morando em Belém mesmo com propostas pra ir pra São Paulo, Rio e até pra fora do país. Faço questão de exaltar minhas origens”, diz o B-Boy.
De Belém, Leony ajudou a transformar o breaking em toda a região Norte, que hoje imprime sua própria identidade na cena nacional. “O cenário ainda está longe de ser como o do Sudeste, mas mudou muito. O breaking hoje tem muito mais espaço no Norte. Minha visibilidade e a de outros B-Boys e B-Girls, como a Mini Japa, ajudaram a impulsionar o breaking na região”, explica.
O encontro com o hip-hop
Situação bem diferente da primeira vez em que Leony teve contato com o breaking. Ele tinha apenas 12 anos quando chegou à praça de São Braz, em Belém, e deu de cara com dezenas de pessoas fazendo movimentos do que eles chamavam na época de hip-hop. Os giros daqueles garotos sobre a própria cabeça, com as pernas pro ar, tiraram Leony do eixo.
A partir daquele encontro, o garoto virou frequentador da praça. Quase todos os dias ele saía da cidade vizinha de Ananindeua, e ia pra Belém pra aprender novos passos.
Faço questão de exaltar as minhas origens
Fazia um mês que Leony tinha começado a praticar caratê por incentivo da mãe, Elizete, ansiosa pra manter o filho ocupado e longe de más influências, já que ele não parava quieto. E foi exatamente o contraste do breaking com a arte marcial que fizeram o adolescente optar de vez pela dança.
“Caratê tinha aquela coisa de disciplina, repetir tudo igualzinho. E o breaking, além da movimentação, me chamou a atenção pela possibilidade de você ser original. O B-Boy que me ensinou os primeiros movimentos um dia me disse que o breaking era livre, que eu podia fazer o que quisesse. Essa frase me pegou. Era essa liberdade que eu estava procurando”, conta Leony.
Quem não gostou nadinha da ideia foi a Elizete. Ela já tinha investido uma grana no quimono e viu o filho desistir do esporte em menos de um mês. Mas quando percebeu que Leony estava se dedicando mesmo à dança e que a atividade o deixava ocupado com algo saudável, ela passou a apoiar seu sonho de B-Boy.
Breaking vira profissão
Já destaque na cena local, Leony estreou fora do país aos 15 anos, em 2011. Na primeira vez que entrou num avião foi direto pra França pra um evento em Montpellier. Lá, conheceu B-Boys e B-Girls que só via por DVD ou na internet, participou como figurante do filme “Batalha do Ano”, com Chris Brown, e ganhou seu primeiro cachê de 1 mil euros.
“Eu voltei pro Brasil e comecei a pensar em tudo que aconteceu. Tinha conquistado muita coisa e era muito jovem. Vi os B-Boys e as B-Girls que eram meus ídolos e ganhei um dinheirão dançando. Aí virou uma chave. Botei na cabeça que queria viver de breaking”, diz.
No ano seguinte, Leony foi indicado por seu crew pro documentário Red Bull Under My Wing, organizado pelo B-Boy brasileiro Pelezinho, que convidou destaques da nova geração no Brasil para mergulhar nas raízes do hip-hop e do breaking, além de disputar um lugar no Red Bull BC One.
Em 2013, com apenas 17 anos, a promessa Leony mostrou que estava pronta. Ele ganhou seu primeiro título do Red Bull BC One Brazil, feito que repetiria em 2016, 2017, 2022 e 2023.
Inspirado no Pará
O grande trunfo de Leony é sua originalidade. Ele busca referências da cultura, da dança e da música do Pará pra criar seus movimentos únicos. “Minha presença de palco também é bastante elogiada, minha personalidade se destaca”, diz.
Quando está em fase de preparação para competições, o B-Boy treina todos os dias. A rotina inclui atividades pro sistema cardiorrespiratório e fortalecimento muscular com musculação e exercícios específicos que trabalham em cima dos movimentos do breaking. O processo de criação consome cinco horas diárias. Parte delas Leony dedica à invenção de novos movimentos. No restante do tempo, treina as sequências que vai apresentar.
O principal foco de atenção nos últimos tempos tem sido o fôlego. Com a chegada do breaking à Olimpíada, o preparo físico passou a ser ainda mais exigido, chegando a um nível mais atlético. “Preciso melhorar a respiração e a recuperação física para aguentar o ritmo”, explica.
Leony vê a nova vitrine como um momento de virada pra popularidade do breaking, como já aconteceu com o skate, modalidade também ligada à cultura de rua que alcançou muito mais visibilidade com a chegada ao maior evento esportivo do mundo.
“O breaking ganhou um selo de legitimidade. Antes de se tornar um esporte, ele já tinha todo um ecossistema gigantesco importante, com eventos como o Red Bull BC One e o Circuito Mundial. Mas a galera que não era do meio ainda tinha uma visão meio distorcida do que é hip hop e break. Então esse selo de esporte dá pro breaking uma visibilidade muito positiva e atrai novos públicos. A gente espera que aconteça com o breaking a mesma febre do skate”, sonha Leony.
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